Neste blog, postarei textos que tenham algo a ver com a minha profissão. Portanto, se você se interessa pela Psicologia, leia os posts e lembre-se de deixar seus comentários. Estou certa de que trocaremos boas idéias neste espaço. Meu email: rozangelajustino@gmail.com

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desabafo do Psicólogo Gilberto Lúcio da Silva contra CFP!

Desabafo do Psicólogo Gilberto Lúcio da Silva contra a prepotência do Conselho Federal de Psicologia. Os profissionais estão começando a despertar!

"O Estado brasileiro é laico e democrático, mas não é ateu. As soluções de promoção de saúde, recuperação e ressocialização do usuário de álcool e outras drogas que fazem uso da dimensão espiritual têm legitimidade em um meio social onde a religiosidade é uma forma de estar e viver no mundo. A espiritualidade, religiosa ou não, salva vidas. Não se trata em absoluto de imposição de crença, mas de oportunizar o que faz sim sentido, e muito, para milhares de pessoas que conseguiram reorganizar sua vida sem o abuso e a dependência de drogas. Em nome de que materialismo o CFP generaliza como sendo uma “imposição” todas as práticas que manejam com maestria a potencialidade de recuperação do bom uso da dimensão espiritual? Quem elegeu o CFP como fiscal da moral e da religiosidade da população brasileira, para que venha agora, do alto da sua “ciência” fazer proselitismo ideológico anti-religioso?"

Qual a política por trás das 13 (des)razões do Conselho Federal de Psicologia ao alegar defender a inclusão social de usuários de crack, álcool e outras drogas?

Gilberto Lucio da Silva é  Analista Ministerial em Psicologia. Ministério Público de Pernambuco.


Qual a política por trás das 13 (des)razões do Conselho Federal de Psicologia ao alegar defender a inclusão social de usuários de crack, álcool e outras drogas? Gilberto Lucio da Silva1 1 Analista Ministerial em Psicologia. Ministério Público de Pernambuco.

1.
Optando por elencar exatos 13 pontos para sua argumentação (Por que não 14?), o CFP alega defender o Sistema Único de Saúde (SUS), e considera o conjunto das precariedades existentes como um dos maiores patrimônios nacionais. Embora inicialmente pensado como construção coletiva para cuidar da saúde da população brasileira, o que de fato se verifica no SUS que temos é a inadequação de equipamentos na maioria dos contextos que exigem atenção à saúde mental. Talvez fizesse bem aos conselheiros gastar parte dos recursos da categoria profissional inspecionando a rede (em muitos casos, evidentemente sucateada) que hipoteticamente deveria garantir ações de promoção, prevenção e tratamento de saúde, inclusive, mas não apenas, para a política de atenção aos agravos relacionados ao álcool e outras drogas. Hostilizar a rede de saúde privada, esperando que a população aguarde pelas benesses estatais que de fato nunca vêm, é discurso já bem representado por outras entidades na vida política do país.

2.
Estranhamente, ao alegar defender os princípios e diretrizes do SUS, o CFP prefere destacar apenas o princípio organizativo da Participação, do qual apresenta uma nova interpretação. Na versão do CFP este princípio garante o direito do usuário de ser esclarecido sobre a sua saúde, de intervir em seu próprio tratamento e de ser considerado em suas necessidades, em função de sua subjetividade, crenças, valores, contexto e preferências. Isto é uma inovação, pois o princípio é especificamente voltado a garantir o exercício do controle social. Sobretudo, cabe questionar como priorizar aquele princípio em face dos princípios doutrinários da Universalidade de Acesso – a possibilidade de atenção a saúde de todos os brasileiros, conforme a necessidade, da Integralidade de Assistência – o direito ao atendimento em qualquer situação de risco ou agravo, e da Eqüidade – que nos lembra que o que determina o tipo e a prioridade para o atendimento é a necessidade das pessoas e o grau de complexidade da doença ou agravo. Mais ainda, o que dizer de outro princípio organizativo esquecido, o da Resolutividade, que diz da capacidade de dar uma solução aos problemas do usuário do serviço de saúde de forma adequada, no local mais próximo de sua residência ou encaminhando-o aonde suas necessidades possam ser atendidas conforme o nível de complexidade? Por que, afinal, um princípio é considerado pelo CFP como sendo superior (em seus termos: "especial") diante dos demais? Esperar que a participação esclarecida do usuário – algo diverso do conceito de participação previsto no SUS – determinasse a intervenção em saúde é tentar priorizar a isenção em princípio, deixando a carga da decisão e a responsabilidade pelo resultado para o paciente. Alega-se defender a subjetividade para evitar tomar posição ética diante de crenças, valores, contextos e preferências que seduzem e reduzem o homem a condições subumanas de existência.

3.
A propalada defesa, continuidade e avanço – para onde ninguém sabe – do processo de Reforma Psiquiátrica Antimanicomial em curso no Brasil, busca se ancorar na Lei nº 10.216/2001. Mas esta mesma Lei prevê, em seu Artigo 2º - Direitos da pessoa portadora de transtorno mental, o Direito a ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; E em seu Artigo 4º, especifica: a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem ineficientes. Por sua vez, a internação psiquiátrica, prevista no artigo 6º, somente será realizada mediante laudo médico, sendo caracterizada como Voluntária, Involuntária e Compulsória. Ou seja, a própria Lei nº 10.216/2001, (mal)utilizada como ponta de lança da desassistência dos agravos que demandam internação, é claríssima na previsão de opções para casos em que o tal "modelo substitutivo" não atende a necessidade do paciente. Apenas um viés inexplicável sob a ótica da ciência e da ética profissional pode justificar a restritíssima interpretação que o CFP reiteradamente faz do texto legal. Violar direitos é impedir que, no leque de oportunidades de tratamento disponível para o usuário do sistema público de saúde, exista a possibilidade de aliar (1) o afastamento temporário do ambiente favorável à manutenção do problema com (2) a intervenção intensiva e qualificada para produzir mudanças no comportamento, nos valores e crenças do indivíduo dependente de drogas.

4.
O Estado brasileiro é laico e democrático, mas não é ateu. As soluções de promoção de saúde, recuperação e ressocialização do usuário de álcool e outras drogas que fazem uso da dimensão espiritual têm legitimidade em um meio social onde a religiosidade é uma forma de estar e viver no mundo. A espiritualidade, religiosa ou não, salva vidas. Não se trata em absoluto de imposição de crença, mas de oportunizar o que faz sim sentido, e muito, para milhares de pessoas que conseguiram reorganizar sua vida sem o abuso e a dependência de drogas. Em nome de que materialismo o CFP generaliza como sendo uma "imposição" todas as práticas que manejam com maestria a potencialidade de recuperação do bom uso da dimensão espiritual? Quem elegeu o CFP como fiscal da moral e da religiosidade da população brasileira, para que venha agora, do alto da sua "ciência" fazer proselitismo ideológico anti-religioso?

5.
 
A idéia de liberdade implícita no discurso do CFP desconsidera a situação de desassistência brutal que vive a população em situação de rua neste país. Os mui falados "serviços substitutivos" dificilmente atendem em horário integral, deixando os pacientes sem apoio e sem guarida no período noturno e nos finais de semana. Cuidar em liberdade é apenas uma frase bonita e conveniente para tentar apagar a hipocrisia e o descaso para com os mais pobres, cujo isolamento e invisibilidade continuarão longe das políticas megalomaníacas do Planalto Central. Internação involuntária e compulsória no Brasil vai continuar existindo, mas somente para quem pode pagar.

6.
As cenas explícitas de uso de drogas, cracolândias, passeatas e festas públicas movidas a álcool e drogas ilícitas, incomodam a população em geral, mas atingem especialmente famílias, suas crianças e adolescentes, indivíduos em formação expostos não apenas a facilidade de acesso ao consumo, mas aos modelos de comportamento que uma pequena parte da sociedade valoriza e deseja ampliar. Ao invés de trabalhar em prol de mensagens claras de prevenção para todos os grupos vulneráveis, e se posicionar contra as parcerias entre as indústrias de drogas lícitas, como o álcool e o tabaco, e órgãos de governo em todas as esferas, o CFP prefere reforçar o mito de que lazer e cultura vão automaticamente, como que por mágica, desfazer o vínculo do usuário de álcool e crack com a subcultura do consumo da droga.

7.
A mística inclui a citação, é claro, dos pólos de exportação dos projetos-piloto em Redução de Danos, Consultórios de Rua, e outros experimentos teórico-práticos sem nenhuma comprovação sistemática de efetividade. A realidade de Recife (PE) é exemplo cabal do despreparo desta política, cuja "rede diversificada de serviços substitutivos" não assegura sequer atenção efetiva, quanto mais cidadania, para a maioria dos usuários e suas famílias que buscam sem sucesso uma atenção adequada em um dos poucos Capsad em funcionamento na capital do estado de Pernambuco. Uma simples visita de inspeção do CFP a um dos equipamentos existentes poderá constatar: insuficiência de pessoal qualificado, unidades com problemas estruturais, ausência de serviços em número suficiente para todos os públicos, em especial mulheres, adolescentes e crianças, ausência de adesão e resolutividade nas práticas adotadas. A sustentação radical desta política – por pura cegueira ideológica – tem gerado uma grande procura por comunidades terapêuticas em todo o Estado. E se, por enquanto, o Estado não está financiando o tratamento ofertado, a pressão pública de fato, não a de ideólogos de plantão, é que vai determinar a mudança de postura.

8.
Quem usa drogas não deve ser NUNCA vizinho, pai, mãe, filho, filha, irmão, irmã, amigo, amiga, parente de alguém, próximo de um membro do CFP. Se tivessem proximidade com a realidade e não com os seus discursos de manual, conheceriam o que qualquer familiar de usuário de drogas já sabe: Em sua busca da próxima dose o usuário pode ser perigoso para si ou para o outro, que tende a contrapor com força redobrada e desatenta ao vínculo emocional que com ele mantém. Ao contexto de urgência vivido pelas famílias, o CFP opina por uma "prévia reflexão necessária", injustificável e ilegítima para conter a violência vivida pelas pessoas que mantêm relações de afeto com usuários dependentes, estas sim, exiladas de toda esperança endereçada a certos conselheiros das políticas públicas.

9.
Talvez fruto de uma visão romantizada pela razão entorpecida, temos novamente de ler o "papo cabeça" de que a "humanidade sempre usou drogas em cerimônias, festas, ritos, passagens e em contextos limitados". A frase é mera colagem de exemplos, que muito a propósito separa indevidamente em dois momentos o que é um conceito antropológico. Não existem "ritos" e "passagens", mas sim "ritos de passagem", conforme formulação de Arnold Van Gennep em sua obra já clássica. Até que o CFP avançou um pouco no seu discurso, deste a divulgação de sua lista de "palavras de ordem", intitulada "Justiça Terapêutica: tratamento não pode ser punição", no início da década passada. Ao menos já considera que o uso sempre ocorreu em contextos limitados. Faltou dizer que eram contextos limitados pelo sagrado, onde o elemento "droga" compunha um conjunto de significados para propiciar uma espécie de costura entre posições e domínios, ordenando contradições e propiciando a passagem ritualizada de uma posição social para outra mais elevada. Mas isto exigiria que se fizesse a leitura prévia da obra "Os Ritos de Passagem", ou de "O Feiticeiro e sua Magia", de Claude Lévi-Strauss, e, sobretudo reconhecer a importância da dimensão espiritual nestes rituais. Para os conselheiros, entretanto, a "sociedade precisa se indagar sobre o significado do consumo que o mundo contemporâneo experimenta e tanto valoriza, buscando entender o uso abusivo de drogas nos dias de hoje e as respostas que tem dado ao mesmo". Mas enquanto esta "sociedade" desejada pelo CFP espera e se indaga sobre o "mundo que experimenta e valoriza" o uso de drogas, outras "sociedades" tentam fazer uma passagem menos dolorosa da infância para a vida adulta, sem valorizar indevidamente o uso de drogas no conjunto da obra.

10.
Em outra de suas generalizações, o CFP escreve que "as sociedades convivem com muitas drogas, lícitas ou ilícitas". Mas faltou especificar exatamente como se dá esta hipotética "convivência" em casos de dependência química ou psíquica que rompem o vínculo social estruturante, colaborando para situações de violência e abuso. Até concordo que as pessoas que usam drogas de forma prejudicial precisam de ajuda, apoio e respeito, mas é óbvio que isto só pode se feito com eficácia, resolutividade e adequação da proposta terapêutica ao padrão de uso. As redes públicas de atenção idealizadas nos gabinetes não garantem para o usuário de álcool e crack nem cidadania nem liberdade. O sonho dourado das ações de redução de danos deixa o cidadão totalmente entregue as suas escolhas impulsionadas pela dependência e, onde se estabelecem laços de solidariedade, estes têm compromisso com a manutenção do problema e não com a sua superação.

11.
Pegando carona nos achados ainda inconclusos de pesquisa nacional em andamento, o CFP reduz a realidade de sofrimento de usuários e familiares a uma mera leitura do fenômeno do uso abusivo de drogas, e nos apresenta como contraposição exatamente uma... leitura, toda sua, de que o aumento expressivo do consumo de crack no Brasil é fruto de uma mera "reação social que instaura o medo e autoriza a violência e a arbitrariedade". A par da "reação" da sociedade que padece dos problemas originados pela ampliação do consumo, e da violência a ele associada, exigindo a instalação de equipamentos de tratamento intensivo que atendam os casos onde os serviços substitutos se mostram ineficazes, insiste o CFP na prática da negação, como o industrial que recomenda que os trabalhadores usem máscaras para lidar com a poluição causada pelo próprio trabalho.

12.
Diverso do que apregoa o CFP, comunidades terapêuticas são dispositivos auxiliares na promoção de saúde. São recursos da rede de suporte que oferecem a assistência que os serviços substitutivos não oferecem. Rompem com a inoperância da estrutura de rede rigidamente proposta pelos supostos "ideólogos" do SUS, buscando atender ao absoluto caos de desassistência e desamparo que vivenciam usuários e familiares em todo o Brasil.

13.

Recife, 08 de outubro de 2011.
E longe da "leitura" tendenciosa de nossos conselheiros, entendo que TODOS os direitos humanos, TODOS os princípios da saúde pública, bem como as deliberações responsáveis e cabíveis, que estejam pautadas na legislação vigente, das Conferências Nacionais de Saúde e de Saúde Mental devem orientar a aplicação e os investimentos públicos na criação das redes e serviços de atenção a usuários de álcool e outras drogas. Qualquer política que proponha agregar outros serviços que apresentem eficácia, e não apenas belas palavras de ordem, atende a demanda da população real, e não a "sociedade da experimentação e valorização" de certas diferenças, que parece fazê-lo em nome de outros motivos ou interesses alheios à ciência e à ética profissional, produzindo um claro desrespeito à comunidade e à saúde de todos.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

AUTORIDADES DEVEM OLHAR MAIS O ASSÉDIO NO FUTEBOL...

'Autoridades devem olhar mais o assédio no futebol', diz Neto

Ex-jogador fala ao 'Direto da Fonte' sobre Copa do Mundo no Brasil, política e pedofilia

24 de outubro de 2011 | 3h 06

DÉBORA BERGAMASCO - O Estado de S.Paulo
Entre Dilma e Ricardo Teixeira, Neto escolhe a presidente para mandar no Mundial de 2014. "Ela é que tem que partir para cima em termos de estrutura para que tenhamos uma boa Copa, porque uma ótima Copa nós não teremos". O polêmico comentarista da Band, que agora ganhou um programa para chamar de seu - O Dono da Bola - acaba de ser convidado para se filiar ao PPS. O ídolo corintiano com quase um milhão de seguidores no Twitter despista: "Agora não é o momento para entrar na política". Se fosse, já teria até bandeira para levantar: "Muita gente usa o poder como diretor, como técnico para usar do benefício sexual com os meninos (da categoria de base)", revela Neto, sugerindo mais atenção das autoridades para isso. A seguir, trechos da conversa.
'Dilma deveria tomar a dianteira. Tem que partir pra cima em termos de estrutura', diz sobre a Copa - Paulo Giandalia/AE
Paulo Giandalia/AE
'Dilma deveria tomar a dianteira. Tem que partir pra cima em termos de estrutura', diz sobre a Copa
Por que não vai para o PPS?
Já recebi convites também do PTB, mas não penso nisso... ainda. Trabalho na TV, tenho um bom salário, estou focado.
Quem tem que mandar na Copa: Dilma ou Ricardo Teixeira?
É a Dilma que deveria tomar a dianteira. Tem que partir para cima em termos de estrutura para que tenhamos uma boa Copa, porque ótima nós não teremos. Adorei a indicação dela para que o Pelé fosse o embaixador do Mundial. Se levar só pelo lado político, vai dar tudo errado. Mas você vê, o Pelé, que não falava com o João Havelange nem com o Ricardo Teixeira, agora está sentado junto conversando. Se não tiver um Pelé encabeçando, é melhor nem ter Copa aqui.
O que você acha da possível demissão de seu colega de emissora Rafinha Bastos, da Band?
Ele foi indelicado, mas tudo tem uma conversa, né? Eu não perderia um talento como ele por causa disso.
Você já foi chamado pela direção da Band pedindo para que pegasse leve?
Já. Mas não foi uma crítica. Me disseram: "Neto, você é comentarista de futebol, não de política ou de polícia". É que, às vezes, eu interagia com o Datena e acabava metendo o pau onde não devia. Mas nunca na Band ninguém me proibiu de falar do Ricardo Teixeira, do Dunga, do Joseph Blatter ou do ministro dos Esportes.
Nem mesmo para mudar o sotaque caipira?
Uma vez marcaram uma consulta com a fonoaudióloga da Band. Ela está até hoje me esperando (risos). O que eu estou tentando fazer é acertar o português. Como estudei até o primário, tenho dificuldades. Faço aula particular uma vez por semana. É conversação.
Como é uma aula de conversação em português?
Não preciso ter um português para empresa, nem fazer redação. A professora me assiste muito na TV, sabe os termos que uso. Às vezes, tenho dificuldades para fazer concordâncias. Já falei "mais maior", "chego", "fazem tantos anos". Hoje já não erro mais o plural. Não terminei os estudos porque fui idiota. Comecei a jogar bola, ganhar dinheiro e ninguém falou o que eu tinha que fazer, nem meus pais.
Por que decidiu fazer a cirurgia de redução de estômago?
Tentei de tudo, tomei até umas bolinhas fortes. Mas engordava tudo de novo. Quando parei de jogar, ganhei mais peso. Tenho 1,74 de altura e pesava 110 quilos. Já eliminei 27.
O que mudou na sua vida depois da operação?
Tudo. Sou mais disposto, brinco com meus filhos, jogo bola no master do Corinthians e meu desempenho sexual e a artrose nos tornozelos também melhoraram. Depois de cinco anos só usando roupa preta e larga, hoje visto calça jeans. Fui a uma festa e coloquei smoking, coisa que não fazia. Como as mesmas coisas, só que em quantidades pequenas.
Enquanto era jogador, você já sofria com sobrepeso. Já pegavam muito no seu pé.
Ainda pegam no meu pé. Hoje me veem magro e perguntam: "Pô, por que você não era assim quando jogava?". Falo: "Não era assim porque eu não queria, ué". As pessoas estão acostumadas a te cobrar pelo que acham que você deve ser.
Mas o excesso de peso não atrapalhava o rendimento?
Ah, atrapalhava. Se eu tivesse a cabeça que eu tenho hoje, teria disputado três Copas do Mundo e nunca fui a nenhuma. Não bebo há 11 anos, não fumo há quase oito.
E essa caixa de charutos e a pinga na estante?
Ah, isso eu ganhei. O charuto eu fumo, só que eu não trago, né? Com a bebida eu parei completamente quando minha filha nasceu. Eu ficava violento quando bebia, sofri acidente, quase morri. Agora, por que não fui para Copa? Fui irresponsável, não me cuidei. Fui considerado duas vezes o melhor jogador do Brasil, fui capitão de quase todos os times que joguei, mas não fui profissional, fui um boleiro que jogou muita bola. Poderia ter jogado no Milan, no Barcelona. Se o Rivaldo, o Romário e o Bebeto jogaram, acho que tinha condições de ter ido também.
Recomendaria uma cirurgia de redução de estômago para o Ronaldo?
O jogador profissional é sempre privado de comer, beber, dormir tarde. Ele tem que pensar na saúde. Ponto. Se eu fosse o Ronaldo, eu faria. Mas ele acabou de parar, deixa o cara ficar de férias.
Nesses anos de futebol, presenciou consumo de drogas?
Muito. Vi muita maconha, cocaína, glucoenergan (composto polivitamínico) na veia. Sem falar na bebida, né? Tenho uma história bonita, a do Alceu. Jogamos na Seleção Brasileira, no Guarani e moramos juntos. Ele sempre gostou de fumar maconha. Eu até já fumei uma vez, quando tinha 17 anos, e nunca mais. Aí as vidas tomaram rumos diferentes e fiquei uns 18 anos sem vê-lo. Soube então que ele viveu durante 11 anos viciado em crack, mas que agora tinha se recuperado. Liguei na hora para ele. Choramos. Há cinco anos ele não usa mais drogas e virou coordenador da fazenda de reabilitação de viciados em Florianópolis. Perguntei qual era o seu maior sonho e ele disse que era voltar a estudar. Hoje pago a faculdade de psicologia. Ele é o melhor aluno, me manda boletim e frequência. O problema é que a maioria dos ex-jogadores não estudou, muitos não souberam aplicar o dinheiro, e quase todos se separaram. Os clubes do futebol brasileiro não orientam os seus funcionários para essas questões, nem sobre as drogas.
Mas tem psicólogos nos Centros de Treinamento.
Ah, não acredito nisso, não. Eu acho que deveria ser uma coisa mais efetiva desde a categoria de base. Vamos citar o Jobson (que assumiu ser viciado em crack). Jogava no Brasiliense, ficou famoso no Botafogo, e ninguém ajudou o moleque? E a Fifa ainda quer afastá-lo do futebol por um ano? Em vez de colocá-lo numa clínica, reabilitá-lo, fazê-lo voltar para o futebol e servir como exemplo, os caras querem acabar com a vida dele tirando o seu emprego.
E a homossexualidade é comum no futebol?
Nas divisões de base sempre teve. E tem até hoje.
Como assim, na base? O jogador deixa de ser gay quando sobe para o profissional?
Não, não falei que os jogadores são homossexuais. O que eu disse é que muita gente usa o poder como diretor, como técnico, como outras coisas, para usar do benefício sexual com os meninos. Foi isso o que eu disse.
Existe isso no Brasil?
Muito.
No Estado de São Paulo?
No Brasil inteiro. Existe bastante. É que essas coisas não são divulgadas, mas quando eu trabalhei como gerente de futebol e quando fui jogador, a gente sabia disso. É velado. Para falar a verdade, é uma coisa muito séria, que o ministro dos Esportes e as autoridades deveriam olhar mais.
Mas as pessoas sabem disso?
Sabem sim, ué. Vou até te explicar: esses meninos, quando chegam nas categorias de base, deveriam ter escola, psicólogo, deveriam aprender sobre esse tipo de coisa, serem orientados mesmo.
Como seria esse assédio sexual? Seria do tipo...
Do tipo, não. Do poder que o cara tem e do menino que chega lá do cafundó do Judas e vem fazer teste em um determinado time. E, muitas vezes, tem que fazer esse tipo de coisa.
Tem que transar com o chefe?
Opa. É isso aí.
Você já foi assediado sexualmente?
Eu não, eu tinha cara de bravo. E com 15 anos já era titular do Guarani. Comecei na base com 11 anos, mas meu pai estava sempre comigo, isso faz toda diferença. As pessoas pegam sempre os meninos desprotegidos, que às vezes não têm dinheiro para comprar um lanche, uma bala. Isso é uma coisa que os dirigentes dos clubes deveriam perceber e fazer uma coisa legal. E não tem problema você ser homossexual, hétero ou bi. O problema é você usufruir de seu poder para ter vantagens sexuais.
Na época, aconteceu com algum amiguinho seu?
Ah, se eu tô falando isso é porque já, né? Mas eu não vou falar.
Por que jogador não assume publicamente ser gay?
Ah, tem um preconceito grande, o cara pode ter medo de perder o emprego, são muitas questões para compreender. Você vê aí o que o coitado do Richarlyson passa. Ninguém sabe se ele é homossexual ou não. Eu mesmo não sei, não o conheço. Mas e o que ele sofre no dia a dia jogando futebol? E o menino é um baita de um jogador extraordinário. Mas será que vale a pena expor a família? Não sei. Eu tenho homossexual na família.
Qual é o parentesco?
Não, não vou falar. E não tem problema, graças a Deus.
Arrepende-se de algo na vida?
A coisa mais horrível que eu fiz foi ter cuspido no rosto do juiz José Aparecido de Oliveira, em 1991. Foi feio demais da conta. No dia seguinte eu queria sumir, desaparecer, não queria ser eu mesmo. Senti vergonha da minha família. As pessoas que te amam, te perdoam. Fui massacrado. E foi merecido. Mas sou tão sortudo que, no mesmo ano, o santo papa veio para o Brasil e anistiou todos os pequenos pecadores. Eu pedi perdão para o José Aparecido ele me perdoou. Depois até o entrevistei. Mas eu não queria que minha filha Luísa soubesse disso na escola. Então cheguei para ela e falei: "O papai cuspiu no rosto do juiz, o papai foi muito sujo e nunca mais fez isso".
Em seu primeiro casamento, você e sua mulher tentaram gravidez por inseminação artificial. Foi com o mesmo médico do Pelé, o Roger Abdelmassih, condenado por assediar pacientes?
Não, não, foi em Campinas. Deus me livre. Olha isso: um dia eu estava deitado no sofá, olhando uma foto minha na parede de quando eu fui campeão pelo Corinthians em 1990. Pensei: "Caramba, conheço aquele cara". Aí levantei, olhei bem e... "Caralho, é aquele fdp daquele doutor!" Ele estava bem do meu lado. Tirei o quadro na hora. E joguei fora.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Ativismo Político do Conselho Federal de Psicologia

 
* Luciano P. Garrido
"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito
de dizer aos outros o que eles não querem ouvir" George Orwell

O Conselho Federal de Psicologia – CFP perdeu o rumo. Movido por um forte ativismo
ideológico, o órgão passou a negligenciar sua verdadeira missão institucional. A atual
gestão, presidida pelo Sr. Humberto Verona, tem pautado suas ações por uma agenda
política totalmente alheia aos interesses profissionais dos psicólogos.

Leia a partir da fonte: https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B0607SBSZ2B-YTI5NThmMmYtYzkxYi00NWQ1LTk4OGUtMDcwZjI3Yjc1OTRm&hl=en_US


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Psicólogos no facebook X Sistema Conselhos de Psicologia/Marta Suplicy

Vejam o que o CRP-SP está fazendo com a "imparcialidade ética da psicologia" e com as contribuições mensais ao CRP. Temos um advogado para entrar com uma ação com vários psicólogos pedindo a restituição de suas contribuições mensais ao CRP. Há mais de 200 psicólogos discutindo estas questões no facebook. Junte-se a estes. Divulguem esta mensagem para os psicólogos que você conhece.



Vejam o que este CRP faz com a anuidade dos seus profissionais:



http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_090610_002.html


http://www.youtube.com/watch?v=ROLW1-rmjzY&feature=share



Abaixo, nenhuma novidade no Congresso Nacional! O que podemos esperar da psicóloga Marta Suplicy, PT/SP, que trabalha para os Sistemas Conselhos de Psicologia apoiarem o movimento gay?



São estes Projetos de Leis que dão suporte ao CRP-SP, por exemplo, para usar as anuidades dos psicólogos para financiar carros alegóricos nas paradas gays, dentre outras que desconhecemos porque não auditoramos os CRPs e CFP. Precisamos fazer denúncias ao MP - Ministério Público:



PROPOSIÇÕES
Família – Senado
PLS 612/2011 - Marta Suplicy (PT/SP) - 29/9/11
Permite o reconhecimento legal da união estável entre pessoas do mesmo sexo.
•Passa a reconhecer como entidade familiar a união estável entre duas pessoas, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Altera a redação do art. 1.723 da Lei nº 10.406/02 (Código Civil)


•Prevê que a união estável poderá converter-se em casamento, mediante requerimento formulado dos companheiros ao oficial do Registro Civil, no qual declarem que não têm impedimentos para casar e indiquem o regime de bens que passam a adotar, dispensada a celebração, produzindo efeitos a partir da data do registro do casamento. Altera a redação do art. 1.726 do CC.


http://www.senado.gov.br/atividade/Materia/detalhes.asp?p_cod_mate=102589


= 30/9/11 - Despachado à Com. Direitos Humanos e CCJ


A proposta está na Com. Direitos Humanos aguardando recebimento de emendas por um período de cinco dias úteis.


Psicólogos, entrem no facebook, pois várias outras questões de interesse da classe em defesa da profissão estão sendo discutidas lá. O envolvimento do Sistema Conselhos de Psicologia com o movimento gay é apenas um viés. Existem outras questões bem sérias: WWW.facebook.com Participem do grupo: PSICÓLOGOS DO BRASIL, UNI-VOS! - Em defesa da ciência e da profissão.

Os psicólogos precisam criar uma associação de classe para formar chapas para concorrer às eleições e moralizar este Conselho Profissional. Nenhuma das chapas concorrentes nas eleições passadas conseguiram ser “aprovadas” pela comissão eleitoral. São os mesmos mantidos no poder há mais de 10 anos.

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